As relações do Eu com o Isso e a emergência dos afetos no setting on-line
A experiência cultural, incluindo o desenvolvimento científico, evolui em uma constante oscilação entre a manutenção de tradições e a necessidade de mudanças. Existem momentos históricos nos quais um desses polos do desenvolvimento predominou sobremaneira sobre o outro, como por exemplo, durante a Idade Média (predomínio das tradições) e a Revolução Francesa (predomínio das mudanças, no caso, radical). O palestrante tentará demonstrar, seguindo a visão de Winnicott da experiência cultural, sua relação com os fenômenos transicionais e a ideia de equilíbrio entre o novo e o tradicional que, diante das mudanças as quais a pandemia da Covid-19 nos confrontou em nosso trabalho clínico, é fundamental, para o bem do desenvolvimento de nossa ciência e, também, de uma visão madura e equilibrada do fenômeno das terapias virtuais, valorizar ambos os polos da dialética implícita nessas situações, ou seja, inovação e tradição. Em seguida, tendo como base a teoria dos sonhos de Freud, chamará a atenção para uma alteração na dinâmica entre o Eu e o Isso no setting virtual, a qual, devido a algumas características peculiares de um tipo específico de paciente, pode potencializar a emergência dos afetos nesses casos.
Guilherme Magnoler G. De Azevedo